Blue Lounge recomenda: Liberalismos

Por TR no Foi um ar que se lhe deu:
Caro amigo Zé Manel, A centralidade do Estado na capacitação/regulação dos mercados concorrenciais fá-los (Rodrigo Adão da Fonseca e Henrique Raposo) divergir no que respeita as funções que o mesmo continua a deter na organização de interesses mercantis transnacionais. O dogmatismo liberal que imputas a RAF poderia eventualmente fundar-se na epistemologia marxiana (de que falei), na medida em que subalterniza o papel das instituições liberais exteriores (mais ou menos complementares, mais ou menos conflituantes) ao curso regular do princípio do mercado; pelo contrário, HR procuraria demonstrar (o que inusitadamente me fez lembrar o Pierre Rosanvallon) que o liberalismo não possui, por necessidade, a mesma raiz empírica e filosófica que o capitalismo, pelo que em sociedades liberais os Estados («Estados-chave»), para o bem e para o mal, constituem dispositivos fundamentais na condução das políticas económicas internacionais. Não me parece bem assim. A meu ver, RAF, desse ponto de vista, não se revela estritamente dogmático, pois identifica os processos de globalização com o resultado das interacções (geradoras de tensões e «equilíbrios-chave») de uma multiplicidade de actores (players) na cena regional, nacional e internacional, ao contrário de HR que, não sei se descritiva ou prescritivamente, detecta no actual mapa de relações económicas e sociais globais a presença de um comando estadual determinante do roteiro do mercados e das sociedades. Dá-me, então, ideia de que do lado de HR encontramos uma posição liberal muito mais conservadora (encapotada de pragmatismo) e em RAF uma ideia liberal mais substantiva. De qualquer forma, parece-me que a resolução ou clarificação da disputa conceptual situada entre os «equilíbrios-chave» e os «Estados-chave» depende muito mais da natureza e do carácter particular das instituições/racionalidades/fenómenos sociológicos a que nos reportamos do que propriamente de uma etapa ou momento estabilizado dos fluxos internacionais que consagram um ou outro como o epicentro das transformações que têm vindo a ocorrer no mundo contemporâneo. Rodrigo Adão da Fonseca

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