Perdido a Sul
Entro de manhã num táxi em Lisboa, arriscando mais uma vez a vida:
"Para a Casal Ribeiro, por favor".
Responde-me o taxista, certamente benfiquista e bom pai de família:
"É do Norte, não é?". Segue-se o habitual monólogo (que eu não interrompo um taxista na sua acção discursiva, não vá o homem enervar-se e decidir assassinar a estrada) acompanhado dos respectivos clichés, ao estilo, "O Pinto da Costa é que sim", "no Norte compram-se óptimos sapatos", "aliás, eu também sou do Norte, de perto de Leiria(?)", "lá no Norte é que estão as fortunas", "adoro quando dizem «cimbalino»", ou "quando as «miúdas» me pedem que eu vá para a sua beira". Ainda bem que não me pergunta onde é que há "«miúdas» giras". Ter-lhe-ia de responder: "Em Ermesinde, meu amigo, em Ermesinde".
É o que dá ser educado. Quem te manda, Rodrigo, pedir "pur fabuour"? Para a próxima, entras no táxi e quando te perguntarem para onde queres ir, respondes: "Sâi lá! Pâra a Casal Ribêro, ao pié do cafié. Atão vá!". Pode ser que depois disso o taxista faça o resto do percurso calado...
Rodrigo Adão da Fonseca
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