Blue Movie: Volver

A crítica não foi muito simpática para a mais recente obra de Almodovar: Volver. Eu gostei. Uma história bem armada e superiormente representada. Penelope Cruz ganha nova alma quando interpreta papéis na sua lingua materna. Pelo meio, bom humor, algumas críticas mordazes ao telelixo, a mitos bem ibéricos, à recusa em ver o que se nos apresenta como evidente. A interpretação do tango de Carlos Gardel que dá o nome ao filme (uma espécie de "retroflashback" de uma cena idêntica encarnada por Sara Montiel, em tempos idos) é, também, bastante feliz (embora se pudesse ter disfarçado um pouco melhor o playback). Pena que a tradução se perca numa linguagem politicamente correcta, retirando uma boa parte da força e da informalidade - e por isso, do conteúdo - do filme; dei por mim a ignorar as legendas. O castelhano falado num registo popular é agreste, mas de uma enorme riqueza, que não merece ser traduzido nos estritos limites do nosso diccionário e das suaves maneiras da nossa língua. Rodrigo Adão da Fonseca

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