My Burmese Days: Mandalay

By the old Moulmein Pagoda, lookin' eastward to the sea, There's a Burma girl a–settin', and I know she thinks o' me; For the wind is in the palm–trees, and the temple-bells they say: "Come you back, you British soldier; come you back to Mandalay!" (…) But that's all shove be'ind me – long ago an' fur away, An' there ain't no 'busses runnin' from the Bank to Mandalay; I'm learnin' 'ere in London what the ten–year soldier tells: "If you've 'eard the East a–callin', you won't never 'eed naught else." No! you won't 'eed nothin' else But them spicy garlic smells, An' the sunshine an' the palm-trees an' the tinkly temple-bells; On the road to Mandalay . . . (...) Oh the road to Mandalay, Where the flyin'–fishes play, An' the dawn comes up like thunder outer China 'crost the Bay! Mandalay, Rudyard Kipling A JAD, no blogue 5 dias, escreve sobre a indiferença, a despeito de ser a mais antiga civilização viva, que a China demonstra pelo seu passado histórico. Não conheço a China nem o povo chinês o suficiente para poder subscrever o seu post, ou eventualmente discordar dele. Já em Mandalay observei – entre outras coisas – algo próximo daquilo que se apresenta como sendo a arte chinesa de sepultar o passado (neste caso, o dos outros). A segunda cidade da Birmânia, que ascendeu a capital do Império pela mão do Rei Mindon, e que assim permaneceu com o território entretanto dominado pelos ingleses, até finais do século XIX, funciona como centro de influência de toda uma região que faz fronteira com a China. Mandalay é, hoje, um centro urbano dominado por chineses, oriundos do sul da China, alguns deles radicados na Birmânia há mais de três décadas, bem integrados nos ambientes políticos e económicos locais. Certo é que uma boa parte do património secular da cidade começa a mostrar sinais avançados de desagregação, as línguas locais perdem influência face aos dialectos chineses, a arquitectura dissolve-se; a venda de antiguidades – algumas delas visivelmente arrancadas de Templos e Monumentos – é feita à luz do dia; os hábitos mais singelos, da alimentação, ao vestuário, à simples utilização da bicicleta (menos vista nas estantes regiões, e proibida em Yangon), denotam um ascendente dos costumes chineses. Não faltarão muitas décadas para que toda esta região – onde o poder central se mostra incapaz de controlar tríades bem relacionadas com as suas congéneres das províncias chinesas mais próximas – perca a sua individualidade. Já presentemente, se Rudyard Kipling, seguindo a tradição budista, reincarnasse no corpo de um poeta, dificilmente usaria como mote, “Mandalay”.

Rodrigo Adão da Fonseca

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