Quando os Portugueses da Diáspora dão Novos Mundos ao Mundo

No Tugir, o CMC escreve um post a que chama Metamorfoses do Tempo onde, entre outras afirmações surpreendentes, se poder ler que " os neoliberais (...) são, primeiro do que ninguém, seguidores dos passos de Karl Marx (...) não na ideologia, mas no método de abordagem da sociedade ". A razão que é apresentada para justificar tão pioneira tese será que, e paso a citar, " tudo, ou melhor, quase tudo, nos neoliberais, como na parte final da vida de Marx, tende a resumir-se a uma questão meramente económica. E, deste modo, passa-se a deduzir ou inferir pela óptica estritamente económica ". Que o CMC dê novos mundos ao mundo, e escreva algo tão fantástico, parece-me aceitável; vivemos numa sociedade onde a expressão é razoavelmente livre; e o próprio CMC teve desde logo a sinceridade de fazer um disclaimer reconhecendo que a sua leitura teria sido superficial. Agora, que o Tiago Mendes, logo na caixa de comentários, considere ser esta uma " excelente análise ", ou que o João Galamba, para além de concordar " em absoluto com o que escreveu ", alinhe também na deriva " marxista " do liberalismo é que me deixa estarrecido. O João Galamba justifica esta sua afirmação da seguinte forma: " Hayek e a Escola Austríaca podem ter sido relevantes para contrariar certos modelos politicos e económicos, mas as suas ideias são demasiado redutoras e simplistas para enfrentar os tempos em que vivemos. Em tempos chamei-lhes Marxistas invertidos, pois tendem a refugiar-se numa visão simplista a-historica e positivista do homem, da politica, e da sociedade. Falam do individuo como se este fosse um dado, ou um "input" o que nao lhes permite perceber grande parte da filosofia que se foi fazendo no séc. xx nem as questões de Poder que elas levantaram. Enfim, mistérios... Quem sabe se isto se explica pelo atraso crónico a que Portugal, infelizmente, parece estar condenado ". Para completar o ramalhete, só falta mesmo juntar o simpático Manuel Pinheiro, cuja aversão à Escola Austríaca o leva a qualificar o João Galamba de " bravo ". Como fiquei deveras preocupado com a possibilidade - ainda que apenas no plano processual, ou método de abordagem, é certo - de ser, afinal, um marxista, peço a caridade ao cosmopolita João Galamba, que me responda ao seguinte leque de questões, como se eu fosse muito burro: 1) O que é um " marxista invertido "? 2) O que significa ter uma " visão simplista a-historica e positivista do homem, da politica, e da sociedade "? 3) O que significa considerar o " o indivíduo como se fosse um dado, ou um «input» "? 4) O que queres dizer com a enigmática frase " (...) o que não lhes permite perceber grande parte da filosofia que se foi fazendo no séc. xx nem as questões de Poder que elas levantaram. Enfim, mistérios... Quem sabe se isto se explica pelo atraso crónico a que Portugal, infelizmente, parece estar condenado " ? Que eu e os restantes simpatizantes da Escola Austríaca somos uns saloios provincianos que não conseguimos perceber a profundidade de Walzer, Rorty, Heidegger, Dreyfus, Merleau-Ponty, Taylor, Sartre ou Derrida? Que em Portugal, em termos de referências filosóficas, estamos na Idade da Pedra? Eu sei, caro João Galamba, que não tenho, na verdade, o teu elán nem o teu cosmopolitismo, mas ainda assim não percebi. Podes explicar o que querias dizer? Não faças cerimónia em ser claro; podes mesmo fazê-lo como seu fosse mesmo muito burro. Rodrigo Adão da Fonseca

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