Liberalismo, Globalização, e o desconhecimento total daquilo que são os pensadores da Escola Austríaca - Parte IV
O Henrique Raposo parte ainda de uma constatação óbvia que é feita por liberais, neo-marxistas, ou por qualquer pessoa que esteja minimamente atenta à realidade - que hoje existem «mil centros de poder» - para apontar um pretenso erro espistemológico aos neo-liberais, supostamente na linha neo-marxista: pelos vistos, alinhamos todos «no mito do declínio do Estado». Tamanha asneira.
Negri, de facto, e grosso modo, vê na globalização, na dominação da máquina e num estado avançado da desvalorização do trabalho e do papel da burguesia um advento da Revolta do Proletariado. Esta persiste em ser uma análise dialéctica e fechada da história e do curso da humanidade, claramente uma réplica recauchutada do marxismo. Por isso encaixa bem na designação de neo-marxista (com a qual, aliás, o próprio Negri se revê).
Os neoliberais, porém, tem uma forma de ver as coisas completamente diferente: compreendem que o curso da história está por escrever. Constatam que o Estado Soberano do século XX está em crise; agora, a atitude dos liberais perante o Estado, como bem refere o Rui A., é a mesma desde longa data: uma posição de cautela e prudência, que os leva a preferi-lo sempre muito limitado, a amplo e poderoso.
Só que isso não significa que os liberais vivam no mito do declínio do Estado, pelo simples facto que, ao contrário de outras doutrinas, lêem a realidade segundo uma matriz aberta, não antecipam o futuro nem impõem modelos sociais, mas apenas regras básicas; e mais: têm consciência que o final pode não ser necessariamente feliz. O mundo está complicado, e o percurso da história pode conduzir-nos a um resultado insatisfatório. Ao contrário dos marxistas, que vivem ainda os «amanhãs que cantam». Os liberais concebem perfeitamente um mundo onde não há humanidade.
Rodrigo Adão da Fonseca
Rodrigo Adão da Fonseca
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