Rescaldo das eleições presidenciais – II

Manuel Alegre tentou, nas últimas eleições socialistas, «dar o salto»; não conseguiu; mas ganhou um certo espaço político; as sucessivas recusas dos candidatos presidenciáveis na área socialista em avançar, permitiram que Alegre acalentasse a esperança de liderar a esquerda neste combate. O PS acabou por optar por Mário Soares que, qual coelho, saiu da cartola de Sócrates num «passe de mágica» que ainda ninguém conseguiu explicar: foi Soares que forçou a sua candidatura? Foi pressionado a avançar? Alegre terá mesmo sido convidado? Ou apenas «apalavrado»? Certo é que a marginalização deu a Alegre um motivo adicional para que se candidatar, posicionando-se como o candidato da cidadania e dos valores essenciais do republicanismo; Alegre é mais valioso neste plano do que como candidato do «sistema», tendo conseguindo capitalizar, não só os votos do eleitorado que está descontente com a governação de Sócrates, como em certa medida os cidadãos a quem desagrada o actual sistema político, excessivamente partidarizado: e que não gostou que se lhes impusesse um candidato «recuperado à última hora» e que, aos olhos dos cidadãos, já fazia parte do «património histórico» e da «memória colectiva» da Pátria.
A incógnita sobre o futuro de Alegre é grande. A atitude de José Sócrates que «o quis calar», permite antever uma bela guerra de barões. Aguardam-se os futuros capítulos deste remake à portuguesa da série «Dallas».
Rodrigo Adão da Fonseca

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