Porque são as ideias os pilares das Civilizações - I
No mundo ocidental, o discurso político está mediatizado, vive dominado pela busca do «máximo denominador comum» e reduz-se na utilização de expressões simples e abrangentes. O pensamento exprime-se por sound bytes de ressonância instantânea; a congruência mede-se momentaneamente, num ápice, a partir de uma híbrida tábua estética e indutiva. As ideias políticas pairam na dimensão light: o que importa é ser capaz de impor em larga escala uma imagem, um perfil: os agentes políticos vivem sob o «síndrome de Popper», amedrontados por sondagens, indicadores de «popularidade» e «afectividade», que sobem e descem com uma rapidez vertiginosa.
Após dois séculos onde a estética influenciou de uma forma decisiva o modo como estruturamos o nosso pensamento (cfr. de Marx a Nietzsche, até às abordagens psicanalíticas de Freud), depois de algumas décadas a desconstruir, o novo milénio apresenta-nos uma Europa letárgica, pouco estruturada no plano das ideias, relativista, que se satisfaz com a verosimilhança e não se interessa pela verdade (cfr. Freakonomics); vivemos em sociedades em que os lugares comuns e meras regras de convivência passaram a ter a dignidade de valor, enquanto as ideias estruturantes da sociedade não são apreendidas, ou simplesmente se perdem na retórica e nos labirintos do politicamente correcto.
(continua)
Rodrigo Adão da Fonseca
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