Racismo no futebol

Ontem interrompi as minhas mini-férias e fui à Luz. O Porto perdeu com um golo muito consentido, um livre sem barreira onde Vítor Baia, um guarda-redes experiente, se precipitou para a bola deixando-se enganar pela sua trajectória. Fica para história um jogo de solteiros contra casados: fiquei com a sensação que mais uma vez este campeonato vai para as mãos do que conseguir ser menos mau: ora, neste campo a concorrência é forte, pelo que o desfecho é imprevisível. O jogo para mim ficou negativamente marcado pelos sistemáticos insultos racistas entoados pelos adeptos do Benfica sempre que Paulo Assunção tocava na bola. Certamente o plantel do SLB é formado por onze puros exemplares da raça ariana, pelo que Beto, Luisão, Manuel Fernandes ou Alcides não se sentirão ofendidos por semelhantes macacadas - sim, porque parecem macacos entoando alto e a bom som uns ruidosos e furiosos «uhs uhs uhs uhs» - dos seus adeptos. No ano em que o FCP foi campeão europeu, alguns adeptos do Porto mimaram Drogbla - à época no Marselha - com cânticos semelhantes: no dia seguinte, McCarthy perguntou nos jornais se para os lados do Dragão achavam que ele era branco, deixando bem claro que sempre que dirigiam insultos racistas a um adversário, o atingiam a ele também. Ganhar e perder é desporto. A única pessoa que pode ser apoupada no campo de futebol, sem que a sua dignidade fique ferida, e por tradição, é a mãe do árbitro, e apenas se o piropo for dirigido no seu sentido figurado. As pessoas que se refugiam nas massas para dirigir insultos racistas são cobardes - gostava de os ver aos saltos em frente ao Paulo Assunção, ou ao McCarthy, cara-a-cara. Pois: no meio da bancada, é só heróis. Rodrigo Adão da Fonseca

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