Destruição Criativa, Inovação e Mudança em Joseph Schumpeter

[O Blue Lounge de regresso à ortodoxia e ao dogma agreste da Escola Austríaca] Martim Avillez Figueiredo, no seu editorial no DE de hoje, alude com grande oportunidade ao conceito de «destruição criativa». Pelo seu interesse (e actualidade), parece-me útil apresentar, ainda que de uma forma superficial, o seu conteúdo. Esta ideia pertence ao universo conceptual de Joseph Schumpeter (cfr. Capitalism, Socialism and Democracy, 1942), economista austríaco, juntamente com Mises um dos principais fundadores do pensamento da Escola Austríaca. O pensamento económico de Schumpeter - e, bem assim, o da generalidade dos autores modernos da Escola Austríaca - funda-se numa visão dinâmica do capitalismo, ou seja, vê na mudança e no processo evolutivo as principais fontes de criação de valor. A «destruição criativa» é assim a síntese desta dinâmica, o resultado de todo este processo de substituição das formas de consumo, da produção industrial, da tecnologia, da organização da sociedade, da empresa e dos mercados; dinâmica essa que conduz à eliminação das fórmulas «velhas» por novas soluções. Este processo – que Kirzner classifica de «Inovação» – conduz ao progresso, a maiores níveis de rendimento e a um contínuo bem-estar social. As economias assentes na mera concorrência não destrutiva (processos estagnados) – isto é, que não actuam na constante renovação dos seus pressupostos – conduzem, na visão de Schumpeter, a uma mera arbitragem dos preços, e não são por essa via fonte de progresso e de aumento da riqueza, sendo por isso meramente redistributivos. Os processos de ajustamento e de mudança acarretam riscos, os quais devem ser adequadamente medidos, pois nem toda a destruição é criativa (nem toda a destruição é fonte de inovação, traduzindo-se na criação de valor). Do mesmo modo, os ajustamentos são parcial e conjunturalmente dolorosos; é assim importante que existam na sociedade forças capazes de acompanhar as mudanças e as transformações prevalecentes.
Austríacos Modernos que se recomenda neste contexto: Murray Rothbard (com a devida vénia ao Carlos Novais); e Israel Kirzner (o meu preferido).
Rodrigo Adão da Fonseca

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