Dia da Memória

Não sou judeu, mas sempre simpatizei com o espírito errante deste povo que foge para preservar a sua identidade, que honra as suas raízes e as suas tradições, que ama o saber. O povo judeu, ao longo dos tempos, tem sido ora amado ora odiado. Eu, pessoalmente, opto apenas por respeitá-lo: afinal, é esse o pressuposto da tolerância, longe das paixões. O Nuno Guerreiro é um desses judeus errantes que aprendi a respeitar, à medida que fui desvendando a sua Rua da Judiaria, um dos caminhos obrigatórios que percorro diariamente. Talvez seja ignorância minha; ou, infelizmente, mais uma manifestação da incapacidade bem portuguesa de assumir os erros da História. Não conhecia - nem conheço - os contornos do anti-semitismo do século XVI, nem sequer imaginava que teria existido um massacre em Lisboa, onde terão morrido milhares de judeus, no dia 19 de Abril de 1506. Não podendo estar no Rossio, hoje, acendo aqui a minha vela. Não pelos mortos - não se recorda aquilo que não conhecia -, mas em homenagem à «memória», essa enorme fonte de (re)conhecimento. A ausência de memória conduz com frequência à triste repetição da História. Junto-me assim com uma vela blue, para que a História não se escreva novamente com uma pena manchada de sangue. Rodrigo Adão da Fonseca

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