Atlântico do Mês de Maio

Algures entre uma penosa jornada Porto-Lisboa-Porto, ontem, e graças a um atraso aéreo, acabei de ler o número de Maio da Atlântico. Destaco, "O maior agressor", do Luciano Amaral, e o ensaio "Fernando Gil: Um convite à Leitura", de Paulo Tunhas. Particularmente interessante, também, "Identidade e Privacidade", do André Azevedo Alves, onde se aborda um dos meus temas favoritos e que mais me divide, o da identidade e do número. Tempo ainda para apreciar "Fotógrafos da Ternura" e uma foto de Carlos Calvet, um dos meus preferidos, que a Fátima Vieira destaca na apresentação da exposição que decorre no Museu da Cidade. Ao ler o José Avillez, fiquei com vontade de comer pato: hoje vai ser esse o meu jantar. Depois de Bergman e "Morangos Silvestres", o Henrique Raposo regressa ao humor com "Saudades do Velho Cinema Italiano", dilacerando Roberto Begnini. Já o Adolfo Mesquita Nunes lamenta-se da sua vida de solteiro, certamente porque desconhece a de casado... O melhor da Atlântico está, contudo (a par das "Confissões - Família", de Maria Filomena Mónica), na página 58, "Velho de espírito", do Bruno Alves:
É isto que os políticos obcecados pelo "emprego jovem" não percebem (...) que a juventude não ambiciona entrar no "mercado de trabalho" (...) ambicionam, isso sim, passar directamente da dependência paternal para a dependência estatal (...) da mesada à reforma.
Excelente! Parabéns ao Paulo, porque o seu esforço está a dar frutos. Uma revista que se lê com prazer - concordando-se ou não com o seu conteúdo - do princípio ao fim. Para ser lida pela direita, pela esquerda, e pelos que - como eu - já não se revêem nestas dicotomias. Rodrigo Adão da Fonseca

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