Por uma economia orientada para a "competência" e para a criação de valor

Ontem, na Dia D, o Luís Silva (LA) publicou a sua crónica, "No poupar é que está o ganho" (já disponível n'O Insurgente); algumas ideias importantes são apresentadas: o consumo poderá estar a ser induzido pela transferência para o Estado de responsabilidades futuras, como a reforma, a saúde, a educação, a cobertura em caso de desemprego; os cidadãos não sentirão, face àquilo que julgam ser os "direitos adquiridos", estímulos para poupar e precaver dificuldades ou necessidades futuras. A poupança poderá ainda servir, como o LA refere, para incentivar o investimento e fomentar o emprego. Esta ideia é correcta; agora, importa ressalvar o seguinte: o investimento também pode ser fonte de destruição de valor; nem todo o investimento é reprodutivo, e há activos que perdem valor. Com elevada frequência. O consumo também pode ser ele próprio fonte de investimento e emprego; o consumo funciona como "recompensa", como forma de remunerar a produção, sendo um inventivo ao investimento; com uma nuance: quando os bens consumidos são importados, estamos a capitalizar empresas estrangeiras, a incentivar o investimento e a fomentar o emprego noutras economias. A importação deve ser encarada com normalidade, e sem proteccionismos (compramos aquilo que não sabemos fazer, ou poderíamos fazer mas a um preço mais elevado); só que, para que uma economia seja saudável, é fundamental que exista um bom tecido produtivo, que seja capaz de exportar: nesta linha, não basta haver poupança; importa não onerar a produção com impostos que lhe retirem competitividade, ou que desincentivem o investidor; importa dispor de factores de produção que sejam capazes de, adequadamente combinados, serem competitivos no exterior: é aqui que reside a chave do sucesso: conseguir acrescentar valor aos produtos/serviços; os capitais circulam com facilidade quando tais competências existem; no mundo global não há falta de liquidez; há, sim, riscos em demasia, e carência de quem consiga valorizar os activos. A palavra de ordem, hoje, é só uma: competência. Só assim o investimento é reprodutivo, podendo ser remunerado; só assim se cria emprego, e se acautela o futuro. Só assim podemos dispor de recursos para consumir. Um aspecto lateral: uma boa parte da poupança não é rentável por questões fiscais, uma vez que os impostos canibalizam o ganho potencial. Rodrigo Adão da Fonseca

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