O "super-ego" lusitano

Durante séculos, fomos o país da saudade e do fado. De repente, tudo isto se transformou; hoje, o português tem um enorme orgulho em si próprio, vivendo na ilusão de uma grandeza que não existe. JPP tem procurado chamar a atenção para os custos a prazo deste repentino egocentrismo, balofo, porque não corresponde a nada de substantivamente válido (também na Sábado). Além disso, de repente, passamos a precisar sistematicamente de algo que nos "anime", de "manifestações colectivas que tragam de novo a confiança", de "sinais de recuperação económica" (auto-gerada) apelidada de "retoma", a viver em busca de catarses que nos tirem da letargia e do adormecimento: de momentos "zen", de algo excêntrico, de férias que têm de ser perfeitas, em busca de um "happening". Somos os principais fãs do Euromilhões, e de tudo aquilo que traga grande retorno com baixo esforço. Eu não tenho uma visão negativista dos portugueses, até penso que temos um grande potencial, mas acho que andamos algo "abananados" e a desperdiçar um tempo que poderia ser precioso: fazia-nos bem enveredar por um caminho de maior exigência, e não adormecer à luz de louros que, em rigor, não existem. O país está deitado do divã; não numa sessão de análise, mas literalmente "a dormir na forma". Que isto de conversar com o psiquiatra dá muito trabalho... Rodrigo Adão da Fonseca PS: Fico à espera da perspectiva de JPP sobre o "Trinta Anos Esta Noite" (de Paulo Francis).

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