Blue Photo: Eddie Adams

Quem abra os jornais, as revistas, as televisões, fica com a sensação que o país e o mundo estão a "arrumar as gavetas" para ir de férias. O que não deixa de ser parcialmente verdade. A maior parte do planeta, porém, hoje, apenas está preocupado em saber o que vai comer amanhã. Em sobreviver. Esse mundo, para muitos de nós desconhecido, vive com enormes dificuldades. Esta pobreza, em geral, é-nos apresentada como se fosse longinqua, típica dos países do Terceiro Mundo. Só que não a é em exclusivo. Em Portugal também existe muita pobreza; e ainda mais miséria. E, nesta altura das férias, custa-me ver como algumas pessoas exibem por vaidade, os seus luxos, as suas pequenas escravaturas, as suas míseras ego-realizações. Viver as férias, para mim, é poder beneficiar de um justo momento de descanso. Cada um, penso, deve fazê-lo dentro das suas disponibilidades financeiras. Mas com genuinidade. Sem vaidades. Sem escravaturas nem falsas prioridades. Com prazer, sim. Com satisfação. Fazendo até, se for caso disso, excessos. Mas não deixem que as férias sejam mais um motivo para piorar as vossas vidas. Que se transformem numa fonte de stress. De dívidas. De discussões. Não se deixem iludir por falsos fogos fátuos, cujo lume acaba por queimar - e bem - no momento do regresso a casa, à "normalidade". Gozem, sim, as vossas férias, mas com um forte sentido dos outros: de família, de amizade, de respeito pelos que vos rodeiam. A todos os que estão de partida, boas férias. Eu ainda fico por cá. Por mais uns dias. Este post serve, também, para recuperar aquele que é o let motiv deste blogue (mensagem que procuro viver diariamente desde o dia em que a li, seja aqui, na minha dedicação ao Blue Lounge, seja na minha atitude quotidiana). Uma frase (atribuída) a alguém que foi muito mais do que um filósofo, um pensador do seu tempo, sempre atento à realidade; um senhor, que pensou para um mundo habitado por pessoas, que pensou, além do mais, para elas (talvez por isso foi tantas vezes menorizado por alguns dos que se julgavam seus pares); um amante das liberdades concretas, substantivas, Isaiah Berlin:
No luxury and no comfort, no delight and no pleasure, no new liberty and no new discovery, no praise and no flattery, which we may enjoy on our journey, will mean anything to us if we have forgotten the purpose of our travels, and the end of our labours.
Rodrigo Adão da Fonseca

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