Blue Photo: Andreas Feininger

Coney Island, 1949
Primeiro dia de Agosto. Chove no Porto. O céu está cinzento; saio de casa, como habitualmente, pela marginal da praia de Matosinhos; algumas pessoas correm, no passeio marítimo; outras arrastam-se a furta-passo; más ondas para o surf. Boas notícias; um percurso de dez minutos, hoje fi-lo em apenas cinco; quase não circulam carros.
De resto, é dia de trabalho; leio no Público que o Fisco foi eficiente na sua operação "O Cobrador do Fraque"; aparentemente, a ameaça de delação resultou numa significativa regularização extraordinária; gostava de escrever sobre este assunto; mas é Agosto; estou com preguiça; e este tema convida-me à discrição; opinião interessante a de Timothy Arton Ash, embora não a subscreva (na íntegra); José Manuel Fernandes vai mais longe, e vê uma janela de oportunidade para a criação de uma força multinacional que ajude Beirute a desarmar os terroristas e conduza as tropas de Israel de regresso a casa (será que os europeus têm condições politicas para assumir este serviço? estarão dispostos a ver as suas tropas atacar terroristas que recorrem aos canais humanitários para se abastecerem de armamento, e usam escudos humanos? estou a imaginar como conseguirão as tropas europeias desarmar o Hezbolah sem fazerem vitimas civis ou causarem outro tipo de "danos colaterais"; terreno pantanoso este; os EUA já esclareceram que para o Líbano não vão; ficam cinicamente em casa a assistir ao modo como a Europa pretende resolver este "pincel", sem "sujar as mãos"; aqui ao lado, na vizinha Espanha, temos uma antevisão do que nos espera; Aznar quer Israel na NATO; Zapatero parece um clone de Arafat, de lencinho palestino ao peito; a silly season chegou à terra de "nuestros hermanos"); bom artigo de Teresa de Sousa, como sempre; toca o telefone; fecho o jornal; vários mails para responder; e uma secretária recheada de envelopes de correio interno e externo; café; umas horas de trabalho; uma pausa de dez minutos para escrever este post; e constatar que na blogosfera "no pasa nada"; está tudo calmo; claro; a maior parte do país está em Coney Island, onde certamente hoje não chove; lá para o meio do mês, terei também os meus dias de descanso.
O Blue Lounge vai, em Agosto, deixar-se contagiar pela preguiça que se respira no ar. Vou recolher-me; aproveitar a maré baixa e concentrar-me no trabalho; usufruir, quando a maré subir, dos meus dias de descanso; organizar ideias; preparar o novo ano profissional que se avizinha; há prioridades e decisões pessoais em aberto; quero estar comigo; com a família; com alguns amigos (poucos); sem a pressão do tempo.
O Blue Lounge continuará obviamente activo nestes dias; mas será preenchido sem esforço. Estou cansado; é do mês. É Agosto! Rodrigo Adão da Fonseca

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