Blue Photo: Cosimo Cavallaro

O Porto tem vivido nestes dois dias uma completa alegoria do Inferno. Um calor abrasador, ventos fortes durante a noite que conduzem ao fecho das janelas e à tortura doméstica. O céu está carregado da combustão dos incêndios em redor. Hoje acordei com um cheiro a queimado, intenso, e com o barulho de sirenes; saí de casa, bem cedo, e no curto percurso até ao carro, fiquei cheio de cinzas; o azul típico de Agosto diluiu-se, dando lugar a um cinzento, denso, sobressaindo um sol laranja, cor de fogo, como que a querer ocupar o trono que lhe pertence, e que as cinzas insistem em destronar; um sol nascente, que poderia ter sido pintado por Eurico Gonçalves; antes fosse uma obra de arte, e não um capricho da natureza. Já no ar, a caminho de Lisboa, tive a oportunidade de ver, pela janela, uma cidade rodeada de fumo e fogo. Valongo arde, sem que o homem consiga travar a força das chamas. Rodrigo Adão da Fonseca

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