Regresso de Paulo Portas e o 'neo-apego' à 'tradição liberal'


Fernando Botero, ' Seamstress ', 2005
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No marasmo em que a direita se encontra, um espectador do fenómeno político como eu, cansado do 'monodiscurso' reinante, vê com bons olhos o regresso de Paulo Portas (PP). Nos seus defeitos, PP sempre apresenta mais consistência que Ribeiro e Castro. É, além do mais, um politico inteligente e com capacidade de comunicação. Por outro lado, a agenda de PP será, certamente, orientada para o eleitorado, o que irá obrigar o PSD a qualificar-se para uns furos acima do que nos tem apresentado com Marques Mendes.
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Há muitos que apontam o dedo a PP, por ser, digamos, um 'político-surfista', acompanhando, do ponto de vista ideológico, a 'onda' que ele considera ser, no momento, a mais conveniente. Não é esta uma critica descabida, pois PP já defendeu, ao longo dos tempos, as coisas mais variadas. Se o faz por oportunismo politico ou por convicção, é-me indiferente (preocupam-me mais os políticos que estagnaram nas ideologias dominantes no país nos anos sessenta e setenta): desde que seja um bom protagonista.
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Um certo leque de ideias voltou a ser apetecível em Portugal. PP parece posicionar-se para assumir a veste da 'direita liberal'. Para uma corrente que há dois anos estava orfã, é um grande avanço. Pelo frenesim, vejo que não faltarão candidatos para lhe 'costurar o fato à medida'. O que abundam por aí são mesmo 'costureirinhas desocupadas'. Ainda somos o país do têxtil e da mão-de-obra barata. Espero que saibam fazer-lhe bem as bainhas, e que a falta de prática não ponha PP, por aí, a passear 'novas' ideologias de 'calças curtas' e com os 'tornozelos à mostra'. Em qualquer caso, fico a torcer pelo seu sucesso; a bem do país; e que outros putativos candidatos à liderança do PSD se deixem iguamente seduzir e engrossem o leque dos que subscrevem programas politicos mais liberais.

Rodrigo Adão da Fonseca

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