O downgrade da dívida pública portuguesa e o impacto dos CDS's

Os CDS's - ou "credit default swaps" - são instrumentos financeiros derivados de cobertura que se destinam a cobrir o risco de default, isto é, no caso da dívida pública portuguesa, de não pagamento por parte do Estado português. Quanto maior for o risco de incumprimento percepcionado pelos mercados - no caso, pelas entidades que estão dispostas a assumir o risco de incumprimento do Estado português - mais elevada será a remuneração exigida para os CDS's.
O aumento do risco percepcionado, retira a rentabilidade aos títulos de dívida pública portuguesa. Na verdade, quando um CDS da nossa dívida atinge 195 pontos, como atingiu hoje, este é o valor que deve ser retirado ao juro pago pelo Estado português nos seus títulos de dívida, para a comparar com a de outros países (que são os investimentos alternativos, na perspectiva do investidor). Tal implica que, nas suas emissões de dívida, o Estado português tenha de aumentar a remuneração, subindo o juro pago, para que a rentabilidade Vs risco se mantenha idêntica.
Assim, 195 pontos-base é o custo, hoje, de ter dívida portuguesa sem risco, 17% mais do que ontem. Importa notar que o custo de subscrever a protecção para um eventual incumprimento da dívida portuguesa disparou hoje para o valor mais alto de sempre, com os Credit Default Swaps sobre obrigações de Portugal a registar a maior subida do mundo.
(Ler ainda, notícia do DE, aqui; e uma boa definição de CDS, aqui e aqui).

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