Ai meu Deus!
Como se não bastassem os lugares-comuns de Marques Mendes (ver post abaixo), agora também o seu Secretário-Geral decidiu alinhar no populismo e na política do baixo esforço.
Um país sem recursos decide fechar um conjunto de maternidades que, objectivamente, representam um custo elevado e que apresentam, em termos relativos (face às que as vêm substituir), menores garantias de qualidade e segurança. Estamos a falar de maternidades com menos de mil e quinhentos partos/ano, e que têm, acessíveis, outros centros com melhores condições. Chama-se a isto economias de escala, rentabilização do investimento feito em acessos e infraestruturas rodoviárias, e maior garantia de qualidade (que está potencialmente associada à especialização e à frequência da intervenção). Serve-se com estas medidas a eficiência económica e a qualidade na prestação de cuidados.
Mas não: para Miguel Macedo, o Governo rege-se por critérios "puramente economicistas", ao decidir encerrar várias das maternidades do país. A actual direcção do PSD quer maternidades montadas, distando quinze minutos por auto-estrada uma das outras (quanto tempo se demora de Braga a Barcelos, e de Santo Tirso ao Porto ou a Guimarães)? E que, em caso de urgência, podem deslocar-se de helicóptero. Alguém na actual direcção do PSD sonha quanto custa um bloco de urgência materno-infantil por semana? Que, muitas vezes, não chegam a realizar um - um parto - que seja? E em que condições actua um médico que faz um/dois partos por semana, face a um médico que poderá fazer cerca de dez no mesmo período de tempo?
Ouvir na boca de um alto dirigente do PSD uma acusação de que o PS segue "critérios economicistas" dá-me náuseas. Ver o PSD "sem rei nem roque", com um discurso que nada difere do praticado pelo Bloco de Esquerda, não prestigia a oposição que diz querer ser credível e responsável; é triste ver o PSD batalhar desta forma no "mercado dos votos", vendendo ilusões, combatendo o "economicismo"; toda a intervenção que aqui se pode ler funda-se na mais básica demagogia, sem nenhum suporte técnico; um vazio. Seria importante que o PSD tivesse uma visão para a Saúde; ouvindo os seus mais dignos porta-vozes, constata-se que não tem.
Para terminar, lanço uma última interrogação: será que na actual Direcção do PSD, quando se fala em "critérios economicistas", alguém tem consciência que há crianças que não podem dispor de tratamentos essenciais para a sua viabilidade, simplesmente por falta de recursos? Que estes são escassos? E que, sempre que se deixa um serviço materno-infantil aberto por demagogia política, ou para agradar a uma dada "sociologia eleitoral", se desbaratam recursos essenciais que poderiam salvar vidas?
Rodrigo Adão da Fonseca
(via O Insurgente)
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