Sensibilidade e bom-gosto (ou a sua falta)

Caro Rui, Para início de conversa, dou-te nota que não fiquei ofendido. Esse é um sentimento virginal que desconheço. Tenho pena - friso - tenho pena (sentimento de desilusão) que arrastes o meu nome de uma forma infeliz num post no qual não procuras discutir ideias, mas apenas avançar num discurso moralista (no sentido negativo que tu próprio dás à moral). Moralizar, fugindo da moralidade. Obviamente sou arrastado, pois és tu quem diz que o motivo do teu texto resulta do facto de eu te ter "tirado do sério": ao menos tem a frontalidade de o assumir sem rodeios. Até porque vejo que insistes na mesma linha. Arrastas-me, dizendo que não o fazes. Certo é que ao fim de tanta prosa, estou esclarecido: se nem tu consegues discutir este assunto com serenidade e um mínimo de bom gosto, então este debate está condenado à nascença. Da minha parte, certamente irei emitir a minha posição sobre o assunto, "acrescentando" algo. Mas longe do nível rasteiro em que colocaste a questão. Onde de uma forma maniqueísta condicionas logo uma das posições, acusando-a de ser "moralista" e hipócrita". Não deixando saída. Obviamente, há muita hipocrisia na forma como a questão do aborto é discutida. E também, já agora, muita ignorância. O que não invalida nenhuma das posições. E esse raciocínio aplica-se a tantas outras realidades. Pessoas que falam sobre a "fraude e a evasão fiscal", e que não pagam os impostos. Por essa razão, devemos deixar de discutir o que subjaz à tributação? Condutores que circulam a 200, pondo em risco a segurança e a vida de terceiros. Devemos exigir todos - quem não andou já em excesso de velocidade - que não haja limitações e Código da Estrada? O teu discurso, aqui, aqui e aqui, é ele próprio moral. E, diga-se, bem agressivo, de "dedinho em riste". Passa bem, e regressa aos jogos florais, onde a tua escrita é bem mais feliz e consistente. Da minha parte, fico-me por aqui. Quem nos ler saberá fazer as suas apreciações. E quem te conheça melhor do que eu talvez possa explicar-me que bicho te mordeu. Ler também: referendo ao aborto; o meu comentário ao post "referendo ao aborto"; aborto: a minha moral é melhor que a tua (resposta do rui ao meu singelo comentário); xanax (onde comento os posts anteriores e a forma como se extrapolou o meu comentário); aborto: moral e autoridade (ou como o rui insiste na arte de moralizar a toda a sela no cavalo do Monsieur de La Palisse). Rodrigo Adão da Fonseca

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