Sobre a importância de uma oposição liberal
Na blogosfera (e também neste cantinho) muito se tem discutido nos últimos meses sobre a emergência e a importância de uma efectiva oposição liberal. JPP teve a feliz iniciativa de transportar esta discussão para a sua coluna do Público, alargando o leque do debate a um conjunto de pessoas a quem este assunto ainda não tinha sido apresentado de uma forma consistente.
Ao contrário do Paulo Gorjão, penso que o artigo é suficientemente claro, e não carece de concretização: as grandes linhas das soluções liberais para a segurança social e previdência, saúde, educação, regulação, defesa do mercado, são por demais conhecidas, e não cabem no espaço de uma coluna (também não me parece que Manuela Ferreira Leite - que tem elevado valor pessoal e carisma, mas que comunga de uma visão estatista da sociedade - seja uma efectiva alternativa ao PS de José Sócrates).
JPP, aliás, é das poucas pessoas da sua geração que já compreendeu (e tal é bem visível no seu artigo) que com a globalização há um mundo que definha, que está a morrer, e cuja juventude não volta mais. Tal contudo não se deve apenas a questões de índole demográfica; como reconhece Fukuyama (na revisão à sua obra central "O Fim da História e o último Homem", de Março de 2006) a globalização, por várias razões, está a enfraquecer de uma forma radical o poder dos Estados e a sua capacidade de controlar e promover políticas; pelo que parece que estamos a avançar a passos largos rumo a sociedades transnacionais, onde a circulação do conhecimento, da informação, dos capitais, das pessoas e dos bens se faz com uma imensa facilidade, desprezando aquilo que são as "vontades" dos Estados e os seus ditames constitucionais.
O que se pretende é uma sociedade mais liberal, que permita que o "luso-espaço" seja mais competitivo, menos planeado, com uma menor interferência do Estado, mais livre e responsável; que permita aos que por aqui habitam que possam vencer no ambiente global. Mas, como JPP bem refere, para isso é necessário mudar o paradigma da política.
Alguns post aqui no Blue Lounge sobre este tema:
Sobre a emergência de um pensamento liberal;
O erro de Fukuyama;
Rien ne va plus;
Líderes, precisam-se;
Quem são afinal os culpados?;
O neo-liberalismo e a ideia de cooperação;
Kirzner, ou como actuar num contexto de incerteza;
Ordem Espontânea ou Determinismo?;
Estado.
No blogue da Causa Liberal:
O regresso ao individualismo.
Rodrigo Adão da Fonseca
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